Victor Mendonça
Eu sou asperger. Não faço apologia ao autismo. Mesmo no autismo leve, o sofrimento é enorme, embora se manifeste de uma maneira diferente e mais sutil que no severo. O sofrimento é intenso e está nos detalhes, no caso do asperger. Houve épocas em que minha casa foi palco de muito sofrimento. Já tive crises que colocaram a minha vida em risco. E compreendo bem a sensação de impotência que temos às vezes. Eu ainda tenho crises e sinto que não depende muito de mim. São mais raras hoje, mas ainda são intensas.
A deficiência intelectual é realmente o fator complicador no caso dos autistas mais severos. Reconheço que, para mim, foi mais fácil encontrar meios de minimizar esses sofrimentos porque, apesar de ter toda a gama de características e sintomas do TEA, meu QI é preservado. No entanto, já conheci autistas severos brilhantes (poetas, escritores e até youtubers) que tiveram condições de desenvolver esse potencial. Sei que nossa realidade ainda está engatinhando e ainda são poucos os que têm a chance de se desenvolver dessa forma. Mas, acredito que todos têm o potencial adormecido dentro deles.
Eu sei que pode ser cruel com os pais porque o autista sente o ambiente, mesmo que não demonstre, e os pais têm que estar bem para não desestruturá-los. Isso é pesado. O meu apelo à comunidade autista como um todo é a união, porque no fundo, todos os autistas têm mais em comum do que podemos imaginar. É uma questão de empatia perceber que os sofrimentos são diferentes e não devem ser comparados. Aos pais, digo: Não desistam de seus filhos. Por mais difícil que seja. É com vocês que eles contam.
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