Victor Mendonça e Selma Sueli Silva
A superdotação, ou altas habilidades, como se chama na medicina. É, mito, é verdade? É verdade. Mas muita gente se pergunta quando o autismo leve pode se confundir com a superdotação (ou com as altas habilidades), ou quando o autismo leve pode coexistir com essa outra característica?
Apenas 3,5% a 5% da população têm essa superdotação. O que seria essa superdotação ou essa alta habilidade? É quando a pessoa tem desempenho elevado em alguma área — das artes, da psicomotricidade, assuntos acadêmicos, criatividade, liderança etc.
Quando você tem o autismo leve, tem também algumas limitações, mas tem QI bem acima do normal, você será um autista com altas habilidades.
Isso não é tão frequente assim. O asperger, ou o autista leve, parece um geniozinho porque ele foca muito em alguns assuntos, mas, em geral, os aspergers não são superdotados.
Fato é que as pesquisas também indicam que muitos superdotados que só têm esse diagnóstico (de superdotação), na realidade, em sua maioria, são autistas, sim, porque passa despercebido para o profissional de medicina. Quando falamos que “aquele cara é superdotado, então ele é gênio, cheio de manias e de excentricidades”, não é isso. Em outras áreas ele tem dificuldades enormes que não seriam esperadas de um gênio.
Quando você tem a alta habilidade em alguma coisa, mas tem também uma limitação em outra, a gente chama de Dupla Excepcionalidade. Esse diagnóstico é feito por uma equipe, por um psiquiatra, com o acompanhamento de um neuropsicólogo.
Tem a inteligência na média ou acima da média, mas não tem altas habilidades. São poucos os aspies que têm altas habilidades, que têm superdotação. Nem sempre um QI elevado nos leva à superdotação. “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.
É estranho falar isso, mas, para muitas famílias, quando recebem o diagnóstico de autismo leve, ficam mais felizes e pensam assim: “pelo menos, a inteligência está acima da média ou na média, então não vai haver comprometimento”. Na realidade, a gente tem que mudar todo o nosso parâmetro de inteligência. Porque, no autismo severo ou clássico, no autismo moderado, também existe a inteligência. Que padrão de inteligência é esse? Que padrão de inteligência nossa sociedade utiliza?
A gente volta sempre ao mesmo ponto: jogar luz nas habilidades, e não nas dificuldades. O ser humano está sempre pronto para mostrar todo esse potencial que tem dentro dele. Um dos temas que Victor aborda no livro “Neurodivergentes” é justamente o funcionamento da inteligência do autista, porque mesmo o autista severo tem um potencial enorme dentro dele.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
Boa tarde, gostaria da referencia das pesquisas que indicam que muitos superdotados que só têm esse diagnóstico (de superdotação), na realidade, em sua maioria, são autistas,Onde posso encontrá-las?